"Esse menino é muito inquieto". "Ele só presta atenção no que quer". Estou perdendo a paciência o tempo inteiro com esses esquecimentos dele".
Narrativas comuns no dia-à-dia de um consultório de atendimento infantil ou nas salas de aulas de hoje em dia. Os pais, professores e até os colegas se surpreendem muitas vezes com o filho, aluno ou amigo que não presta atenção em nada, mas que em outras vezes está tão focado em algo que parece sair de órbita. É a lancheira esquecida em todo lugar, a tarefa que nunca é concluída, as músicas cantaroladas nas horas mais impróprias (principalmente se a professora está falando), e, às vezes no pico do desaforo, a comida esquecida ou a água que "nem lembrou de beber". Tem adultos que passaram toda a infância sofrendo com um ataque de "eu sou muito diferente de todo mundo". Porque eu viajo tanto na maionese? Por que não consigo me apaixonar e manter essa paixão acesa por mais tempo? Porque não consigo gostar de fazer mesma coisa o tempo todo como todo mundo? Porque sou tão instável?
Tem crianças que se desligam de tudo e ficam absorvidas em pensamentos imaginativos por demais. Tem aqueles que ouvem seu nome vindo da professora o tempo todo, e nem seus colegas aguentam mais. Nem dá tempo de anotar o que está na lousa, esquecem-se da página da tarefa que seria para realizar. É um caos diário, ou pelo menos causa um certo desgaste individual ou mesmo familiar.
Se você identificou em qualquer uma das situações, características suas, de seu cônjuge, ou de seu filho, atenção, porque você poderá estar se referindo a uma marca bem consistente do TDA ou Transtorno de Déficit de Atenção. Sim, ele existe.
Nas últimas décadas houve uma enxurrada de crianças sendo diagnosticadas como sendo hiperativas ou sendo portadoras do TDAH (TDA mais hiperatividade). E acredito que isso banalizou um pouco essa condição da saúde física e mental de muitos entre nós. É importante conhecê-la e distinguir o real do imaginário.
O deficit de atenção é uma condição que gera instabilidade na condução de um indivíduo e é muitas vezes incompreendida. Podemos ter 3 tipos de TDAs pois ele advêm de um cérebro que ou é extremamente criativo, ou impulsivo, ou que não consegue manter o foco. Dessa forma falamos em TDA com predominância da Impulsividade, TDA com predominância da Dispersão e o TDA predominantemente Hiperativo.
Na maioria das vezes a criança ou adulto passa por muito desgaste para adaptar-se ou se fazer entender em seu modo de ser. As vezes a mente fica meio desorganizada pelo turbilhão de ideias e pensamentos incessantes, o corpo não quer parar quieto e as pernas balançam ,não se consegue parar de roer as unhas, etc. E, ainda tomam-se decisões precipitadas pelo simples fato de ser difícil controlar o ímpeto.
Mas creiam, essa é uma característica que necessita ser entendida, diagnosticada e ter um direcionamento correto. Se assim se fizer essa força criativa poderá trazer frutos maravilhosos.
Considero sempre que aquilo que desconhecemos devemos procurar quem bem o entenda para nos esclarecer melhor. Não deixe para depois se percebeu em si ou em seu filho essas características. Melhor procurar orientação profissional nesses casos, porque para alguns não há receitas caseiras. Seu filho agradece. Um bom psicólogo, neuropsicólogo, neurologista ou mesmo psiquiatra poderá lhe orientar nessas questões.
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