Lendo uma reportagem da revista época de maio de 2009, deparei-me com a temática dos filhos da era moderna, plugados 24 por dia e que desacreditam na vida sem a tecnologia digital.
Presente nos consultório de psicologia proporcionalmente com mais frequência nos dias atuais, compreender e adaptar-se por trás dessa realidade de seus filhos, para os chamados imigrantes digitais, não tem sido tarefa fácil.
O que para tantos ainda é inconcebível , é produto natural para nova geração. As crianças de hoje, conhecidas como nativas digitais, termo introduzido por Marc Prensky em 2001, desconhecem a vida sem a conectividade, sem e-mails, redes sociais, blogs, e games virtuais. Tão natural quanto as sinapses cerebrais, segundo os estudos demonstram, a net seria uma extensão dos pensamentos da criança, totalmente imprescindível para sua vida e seu sentimento de existência.
Sim, essa nova geração é diferente, e tal qual deve ser tratada. Não há mais o mesmo prazer na ludicidade da brincadeira lado-a-lado com o outro como nos velhos tempos. Os games são mais desafiadores, e possuem uma linguagem própria e intrínseca que, aparentemente geram mais adrenalina entre esses nativos, como se os mesmos possuíssem chips de conexão com esta nova língua.
Para os reles mortais, imigrantes digitais, em sua maioria nascidos no século passado, cabe descontruir o conceito anterior, conhecer, aceitar e acompanhar seus filhos nessa viagem sem volta. A família encontra-se com os interesses sendo desvalorizados por quem sequer sabe pegar um ônibus para ir a escola. Esses pequenos seres (muito pequenos na maioria das vezes) olham para seus pais com a impaciência inerente aos plugados. Suas conexões são mais rápidas, seus raciocínios mais imediatos, apesar de muitas vezes superficiais devido à pressa que a situação exige.
A quem cabe afinal a vitória nessa batalha de interesses? O adulto conecta-se e deixa para trás seus antigos valores? Ou a criança deve ser ensinada a desacelerar e aprender a gostar de velhos costumes que ela sequer conhece?
Não, não há perdedores, se assim for encarado. A era digital veio pra ficar e não há como reverter esse jogo, mas não esta aqui para destruir ninguém. Todos ganham com ela se souberem aproveitar na medida de sua necessidade. Afinal, não dá pra negar que é maravilhosamente mais rápido digitar esse texto enorme podendo deletar os erros sem perder todo o arquivo, que datilografar com medo de mínimas rasuras que poderiam destruir o trabalho de um dia. Porque não aproveitar a possibilidade de sabermos a localização de nosso filho a qualquer momento graças ao seu smartphone? Porque deixar de falar com aquele ente querido ou amigo que está distante e não vemos há anos? Porque abrir mão dessa discussão produtiva em que num click é possível curti-la?
Como tudo nesta vida, a tecnologia digital veio acrescentar, aos “que tiverem olhos pra ver”. Parcimônia é claro, como em tudo. Equilibrar nos jovens a sua relação digital e o seu contato com o outro, e a família. Não permitir que essa ferramenta venha a separar, mas sim, criar novas possibilidades de conhecimento. O outro, mesmo sendo filho, não deve ser tolhido em seu processo de liberdade de ser diferente de nós. Que se abram as mentes, mas que se preserve o coração! Lembrando que este último é com “olho-no-olho” que se assegura. Ao contrario, enxerguemos que a era digital nos possibilita estar pertinho de nossos sempre pequeninos filhos, mesmo na ausência física. Aos papai e mamães, lembrem-se que “navegar é preciso”.
Deixo apenas uma pergunta para sua reflexão: Já teclou com seu filho hoje?
Joana-D´ark Chaves Monteiro da Silva
Segue link de reportagem sobre o tema para os que quiserem ler algo mais: